Heidegger distinguia angústia e medo: o medo tem objeto — teme algo. A angústia, não. Ela é uma suspensão de todos os entes: o mundo se dissolve no nada.
Quando estamos realmente angustiados, não sabemos o que nos aflige, porque não há objeto algum a temer. Perdemos nossas certezas. A angústia é uma espécie de perda de solidez da realidade. É como viver uma madrugada existencial, com tudo apagado por dentro e por fora — nada a temer, porque nada existe. Só a presença seca e muda que te observa do fundo do escuro. Temos sempre medo do que não conseguimos entender.
Continue a ler com uma experiência gratuita de 7 dias
Subscreva a Desiderante para continuar a ler este post e obtenha 7 dias de acesso gratuito ao arquivo completo de posts.